segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O silêncio que incomoda

Eu moro em uma cidade pequena, com pouco mais de 11 mil habitantes, localizada a mais de 300km da capital Fortaleza.

Em março, quando surgiram os primeiros casos da Covid-19 no Brasil, temia-se muito por aqui que o vírus chegasse ao Nordeste e tão logo ao Ceará. E ele chegou e com muita força.
Eu via o desespero de alguns, bem poucos, quando as primeiras mortes eram confirmadas no Brasil. Porém, naquele momento estávamos todos muito apreensivos e com medo do que estava por vir.

Contudo, aos poucos me parecia que tudo ia se tornado normal aos olhos e sentimentos de muitos. Me traziam a sensação, de que para eles eram apenas números e pior do que isso, o sentimento de dor e compaixão não era transmitido, nem mesmo com números tão altos de casos confirmados e com milhares de mortes em todo país.

Hoje, já passamos de 114 mil mortes no Brasil e com mais de 3 milhões e 600 mil casos confirmados da Convid-19.

Por aqui, a sensação é que o vírus não existe e que a dor pela morte de mais de 114 mil pessoas é irrelevante. Isso é apenas um reflexo do que vemos no Brasil, onde seu líder tenta a todo custo minimizar essa grave crise que enfrentamos, pois, seus olhos estão fixos apenas para 2022.

Não sentimos a dor do outro, não nos importamos uns com os outros. Eu confesso que tento manter firme minha esperança de que tudo vai melhorar, não de voltar ao normal, pois nosso normal já era algo muito ruim.

É difícil, muito difícil!

Que possamos ser melhores, nos colocar no lugar do outro, ou tentar, pelo menos. Quem sabe assim, possamos sentir um pouco da dor que as famílias e amigos, das mais de 114 mil pessoas que partiram, estão sentindo nesse momento.

Isso é sobre ser gente. Saber amar e cuidar do outro! 
Podemos tentar?

Wilton Lima