A resistência de parte da Igreja Católica e seu apoio ao Golpe Militar de 1964 no Brasil.
Castigados Pela Resistência ao Regime
Depois da decepção de não ter suas expectativas alcançadas quanto ao apoio dado ao golpe de 1964, movimentos de resistência à Ditadura Militar ganhou força e apoio do próprio Vaticano que veio censurar a ditadura com o tempo de repressão estendido. A CNBB antes a favor tornou-se uma potente voz contra o regime.
A Igreja e a própria CNBB se tornaram, a partir do AI-5, uma voz contra a ditadura. A igreja mudou de posição à medida que padres, bispos e religiosos eram também perseguidos e vitimizados pela ditadura. O d. Adriano Hipólito, por exemplo, bispo de Nova Iguaçu (RJ), foi apreendido e torturado (Frei Betto, 2004, Entrevista UOL).
No início, o Vaticano através do papa Paulo XI não se posicionou contra a ditadura, mas com "toda essa repressão que atingiu os bispos, fez com que a igreja assumisse cada vez mais uma posição crítica à ditadura" (Frei Betto, 2004).
Frei Betto, Frade Dominicano e escritor, mineiro de Belo Horizonte, era um jovem estudante adepto da Teologia da Libertação quando as tropas derrubaram João Goulart, em 1964. Foi preso pela primeira vez dois meses após o golpe, permanecendo 15 dias detido. O segundo cárcere foi mais longo, entre 1969 e 1973, e mais cruel. Frei Betto foi submetido a sessões de torturas nos porões do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, comandado pelo Coronel Brilhante Ustra.
Primeiro eu fui levado até o comando da Marinha, na praça Mauá (centro do Rio), onde nós fomos torturados, interrogados e transferidos para Ilha das Cobras (RJ), no quartel de fuzileiros navais. Ficamos uma semana presos e depois fomos levados de volta ao apartamento em que morávamos por conta da CNBB, mas especificamente por conta de Dom Helder Câmera, que era assistente da Ação Católica, e ficamos em prisão domiciliar mais uma semana. Depois fomos liberados sem que houvesse processo formal (Frei Betto, 2004, Entrevista UOL).
Muitos padres e religiosos, contrários ao regime, foram presos e torturados. Alguns resistiam na clandestinidade, de modo que ajudaram muitos outros a terem abrigo para que não fossem presos pelos militares.
A igreja falhou em seu apoio, mas logo teve que se voltar contra o regime opressor, que calou milhares de forma permanente. Mesmo existindo defensores da ditadura não só dentro da Igreja, mas na sociedade em geral, o apoio se tornou minoria, não tendo representação expressiva nem dentro ou fora da Igreja.
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Não se teve como pretensão, no presente trabalho, expor todas as causas e efeitos que geraram o apoio e resistência da Igreja. O trabalho foi baseado no estudo de artigos publicados por acadêmicos e mestres no assunto. Levando em consideração trabalhos publicados pela Igreja e representantes da mesma. A partir de pesquisa, nas principais obras que tratam do assunto, buscou-se definir uma estrutura norteadora, principalmente ao pesquisador, buscou-se, também, classificá-la quanto à natureza do problema e quanto aos objetivos, como foi exposto no presente projeto de pesquisa.
O objetivo da realização deste projeto, teve como finalidade esclarecer o envolvimento da Igreja Católica com a Ditadura Militar no Brasil e sua reviravolta no processo em que membros da cúpula da Igreja brasileira foram torturados e censurados pelo regime. Entender as motivações que levaram grupos políticos dentro da igreja, a apoiar e resistir a duras conseqüências ao regime que se estabeleceu no Brasil por 21 anos e que até os dias atuais, não tivemos punições aos torturadores de milhares de inocentes, incluindo crianças e idosos.
Wilton Lima
Parte do trabalho apresentado no curso de Jornalismo na disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, ministrada pelo saudoso professor Gerison Kesio, em 2014.