terça-feira, 26 de março de 2019

A IGREJA NA DITADURA MILITAR - Parte 01

A resistência de parte da Igreja Católica e seu apoio ao Golpe Militar de 1964 no Brasil.

O Brasil vivia uma crise política que se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. Seu vice-presidente, João Goulart, que ficou conhecido popularmente como Jango, assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando temor nas classes mais conservadoras.

A Igreja Católica, ameaçada com tais movimentos sociais, apoiados por um discurso realizado no dia 13 de março de 1964, onde João Goulart, na Central do Brasil (Rio de Janeiro), defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista.

Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas nas ruas do centro da cidade de São Paulo e que auxiliou na queda de Jango. Tal movimento, segundo Frei Betto, foi financiado pela CIA, a Central de Inteligência dos Estados Unidos.

Apoiado pela religião predominante no país e pela classe média, o golpe de 1964 ganhou força. A Igreja temia a instauração do Comunismo no Brasil, movimento com base socialista que defendia os menos favorecidos na sociedade. 

A CNBB (Confederação Nacional do Bispos do Brasil) declarou oficialmente apoio ao golpe por ter livrado o Brasil da ameaça comunista. O setor mais conservador da Igreja pensou que depois de derrubada a ameaça comunista, o clima se estabeleceria no país. Mesmo não tendo um apoio explícito e forte da população, a Igreja pensou que os militares não teriam respaldo da opinião pública e a ditadura não duraria muito tempo, porém, a Igreja se enganou. Foi quando começou o período político mais opressor da história do Brasil.

Wilton Lima

Parte do trabalho apresentado no curso de Jornalismo na disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, ministrada pelo saudoso professor Gerison Kesio, em 2014.

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