terça-feira, 19 de março de 2019

SIM, EU SOU NEGRO!

"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons"
Martin Luther King

O que uma cor representa para você?

A cor da pele de alguém, diferente da sua, muda alguma coisa?

Como tem sido seu olhar?

Como você reage às lutas por igualdade em uma sociedade multirracial, porém extremamente preconceituosa como a nossa?

O Brasil é um país fantástico, de muitas cores. Um país que sempre atraiu. Porém, é um país que mata, de forma absurda e em números significantes, aqueles que são diferentes, aqueles que não se enquadram nos padrões de uma elite branca, de costumes conservadores e pior, que muitas vezes se dizem cristãos. 

Um país que julga o outro pela cor da sua pele, pela forma como se veste ou fala. 

Um país que acha engraçado as piadas com negros, mulheres, homossexuais, índios ou quaisquer outras “minorias” que sejam diferentes. Um país que segrega quem outrora foi receptível. Que julga os fins das tragédias nas favelas espalhadas em todo Brasil sem querer entender as razões que as levaram acontecer. 

De uma cultura racista que ao cruzar com um negro na rua, à noite e com pouca iluminação, já sente o medo de um assalto ou crimes semelhantes. Um país que julga aqueles que estão entregues às drogas, moradores de rua, vivendo à margem desta sociedade. 

Ao lembrar de relatos históricos da exclusão e das mortes de milhares de negros no meu Brasil, ao ouvir todos os dias sobre preconceitos por causa do tom escuro da pele e de crianças que são excluídas pelos colegas nas escolas, eu não ousaria dizer que sofri com o fato de eu ser negro, porém, não quero dizer que não tenha ouvido brincadeiras quanto a minha cor, apelidos pejorativos e que nunca me senti diferente ou excluído. Sim, isso já aconteceu! Mas vejo dores maiores e delas eu compartilho. 

Quando criança algo me incomodava. Tinha um vizinho, ainda tenho na verdade, que nunca me chamava pelo nome. O tratamento era sempre “neguinho” e não era em tom de carinho e respeito. Me incomodava, mas eu não tinha coragem ou forças para reagir. Só na adolescência tomei coragem de dizer algo como: “meu nome não é neguinho, meu nome é Wilton”. Demorou, mas impus meu respeito e aceitação. 

Aparentemente isso é normal em nossa sociedade. Mas cuidado, nem sempre a forma como você é tratado é a certa. Imponha-se e não tenha medo ou vergonha de ser quem você é ou como é. 

Até quando nós vamos aceitar o preconceito sem nenhuma reação?

Até quando vamos nos calar quanto as mortes dos nossos semelhantes? Milhares de negros, mulheres, homossexuais, índios, nordestinos ou simplesmente pessoas que pensam e agem diferente.

Até quando vamos aceitar isso?

Temos voz e com ela devemos resistir a tudo isso. Sentir a dor do outro e lutar juntos por um país justo e com direitos respeitados. Todos os dias e em todos os lugares. 

Não magoe e nem se deixar magoar! 

Não tenha vergonha de quem você é. Não importa a cor da sua pele, não importa a religião que você segue, não importa sua opção sexual. 

Não importa! 

Lute e seja a resistência em meio ao preconceito e todo tipo de intolerância.

Wilton Lima

Um comentário:

  1. Resistir sempre! Maravilhoso seu texto. Continue a nos oferecer boas reflexões. Diego

    ResponderExcluir