quarta-feira, 24 de março de 2021

Nada será igual - entre o medo e a saudade


Os dias têm sido difíceis
De muita dor
Medo e de muita incerteza.

A distância se tornou quase obrigatória para muitos, porém necessária.

Há aproximadamente 1 ano, essa doença me distanciava de pessoas que vão sempre merecer um espaço especial e significativo na minha vida.

Uma saudade sem explicação me consome...
Até aquela rotina, que eu costumava reclamar, confesso que me faz falta!

Eu sei que não será igual...

As viagens à Sobral, naquele busão universitário quase sempre lotado, penso que vai ser um pouco diferente, mas durante a viagem eu voltarei a ouvir minhas músicas preferidas e os melhores podcasts.

O retorno as salas de aula será um momento nostálgico, como aquele primeiro dia na Universidade, com o coração cheio de sonhos para o futuro, com a esperança de construir laços de amizade no curso escolhido;

a vontade de voltar, abraçar com vontade e forte, só aumenta.

Mas não será igual!

Provavelmente, as reuniões entre amigos, as festas ou até mesmo aqueles papos descontraídos no Spetos Beer ou ali no anfiteatro da Praça Quirino Rodrigues, nossa Pracinha do Abrigo, não serão iguais;

a dor pelas milhares de mortes, algumas próximas a nós, vão sempre nos fazer repensar em como devemos gerenciar nosso tempo, como aproveitar cada momento dos nossos dias.

Um sentimento de vazio me consome quando lembro que ano passado não tivemos a nossa tradicional confraternização dos Nerds Jornalistas, sempre ali no Tako; e me dói pensar que corremos o risco de não tê-la esse ano.

Sinto uma dor por não poder ver e abraçar aqueles que me receberam como família quando cheguei em Sobral, ainda muito tímido e sem nenhuma amizade. Saudade dos almoços em família e das conversas sobre política e religião, momentos que me traziam muito aprendizado. E então, me envolvo no desejo de revê-los e conhecer os novos integrantes da família.

Há também, uma grande saudade daquela correria da segunda-feira; de chegar quase sempre atrasado na reunião geral do Time Enactus UVA Sobral e correr de um campus para o outro para conseguir pegar o RU ainda aberto ou mesmo das reuniões do Marketing na Padaria do Arco e de lá andar um bocado até o Betânia.

Essa correria faz falta.

Sinto mais ainda do convívio com o time, dos aprendizados de cada encontro, dos finais de semana na comunidade do Serrote do Piaba, da energia contagiante da Dona Rose, Dona Nonata, da Dona Edileuza, do Carlinhos, enfim, o SerTão Sustentável vai sempre fazer parte da minha vida.

E eu sinto falta de planejar meus finais de semana em Acaraú para reencontrar amigos queridos, mesmo sabendo que haverá algum imprevisto e eu não irei.
Há uma saudade daqueles que mesmo longe e em momentos improváveis permaneceram fieis a uma amizade construída lá em 2005 e são muitas as história de superação para contar. No entanto, Shakespeare já me alertou naquela época que "um dia a gente aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias" e nós comprovamos e estamos vivendo essa realidade.

Às vezes, quando eu paro e fico a pensar, bate um arrependimento de todas as oportunidades que deixei passar; de não ter falado o que eu deveria, de não amar mais, não cuidar como queria, de não dá atenção necessária ou simplesmente não ser e estar.

E olha que Shakespeare já havia me falado quando eu ainda tinha 14 anos, que devemos sempre nos despedir das pessoas que amamos com palavras amorosas e aproveitar cada momento com elas; pode ser a última vez que as vejamos.

E muita coisa mudou e não vai ser igual;

Talvez, quando tudo isso passar, eu aproveite com mais intensidade os momentos não planejados, assim eu valorizo ainda mais cada sorriso e cada olhar oferecido, até mesmo os mais tristes;

Mas eu sei que nada vai ser igual e é bom que não seja!

Wilton Lima