Gritar, o coração deseja apenas gritar.
Sitiado por tão grande confusão de sentimentos, ele consegue apenas se manter em silêncio, imergido na maior solidão já experimentada por ele. Sim, algo que nós não desejávamos, nem mesmo ousamos explicar.
Não foi planejado, nem tão pouco escolhido. O acaso? Talvez tenha sido ou pode ser resultado do conflito entre nós, das indecisões e caminhos áridos à frente. É possível que seja, mas não sei; não sabemos.
É difícil não relacionar tudo a estas indecisões, a este conflito frio e aparentemente sem sentido algum para nós. Tudo se torna mais complexo ao notarmos que a própria razão tem dato a oportunidade do coração gritar como ele almeja, porém, permanece mudo. As reações nos parecem ter findado.
Buscamos e aceitamos este vazio de palavras, compreendemos a sua necessidade, mas não a vemos como solução. Pois permanecer no silêncio nunca foi uma decisão fácil e as que tomamos não foram acertadas. Continua sem acertos.
O silêncio nos incomoda. Ele nos traz medo e solidão. Nos leva a caminhos que não escolhemos trilhar e vamos sempre na direção contrária do coração. Com um final incerto, sem sabermos para onde ele vai nos levar.
Dói!
Esta incerteza dói e nos atemoriza a cada manhã; a cada olhar; a cada contato físico; e até no silêncio mútuo. Simplesmente dói.
De repente, tudo volta a ficar sem cor e sem aquele brilho forte do sentimento maior e mais sublime, que outrora nos emoldurava e nos mantinha firmes e sedentos por mais. Ele começa a perder o sentido e se torna cada vez mais vazio e sem melodia. Sem aquela poesia que encantava, até mesmo na simplicidade ou na falta de suas rimas. Mas tudo era belo e atraente.
Talvez ainda seja. Só não sabemos como nos encontrar em meio a todo esse silêncio.
Então, junto veio outro misto de sentimentos. Este, porém, causa em nós um medo maior e diferente. Não há alegria em nenhum deles, nem mesmo há dúvidas do que pode ser o certo ou errado. Sua complexidade tem um intervalo mais longo, mais denso e de uma profundidade que os olhos não conseguem enxergar.
Ao momento, estamos nos adaptando com o silêncio. Buscando respostas que nos tragam de volta àquela confusão que nos parecia ser mais fácil de superar. Na verdade, não sei se era. Mas doía menos.
Eles continuam a caminhada. Com suas incertezas e agora, com a incapacidade de entender todas as razões que nos lavaram a este degrau.
Há muita estrada a ser percorrida, algumas talvez, necessitem que sejam abertas. Muitas decisões a serem tomadas, muitos acasos a serem vividos e tentar, simplesmente tentar compreender.
Wilton Lima
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