segunda-feira, 13 de setembro de 2021

CONFISSÕES DE NOITES VAZIAS

Perder-se em meio ao caos que se tornou sua vida, foi algo tão inesperado quanto a aceitação de tudo que lhe foi proposto; em alguns momentos, imposto.

[...]
Transformar sua realidade e até mesmo forjar seus sentimentos para lhes parecerem aceitáveis aos olhos de quem o julga, ou mesmo de quem busca essa reciprocidade, tem aprisionado sua vida real ao ponto de nem mesmo saber quem ele é ou o que sente, nem por quem sente.

Ele se perdeu em meio a este caos!

As noites se tornam cada vez mais tensas, com um brilho tão forte que lhe tira a visão e o empurra ao caminho aposto àquele que grita seu coração;
e assim, mais uma vez, ele entra em um estado de dissensão.

E este conflito ganha forças e ele o alimento; inconscientemente acreditamos.
É certo que o medo que o rodeia e lhe toma pelas mãos, tem um papel fundamental nessa história. Um protagonismo descabido e sem controle algum.

Ele, porém, para e pensa:

— Voltar já não faz sentido, na verdade não tenho essa certeza.
Apenas sei que saí de um abismo profundo e me lancei em um outro que aprisionou o mais complexo dos meus sentimentos e ainda fez libertar meus piores monstros; e eles estão aqui, entrelaçados nos meus versos, que muitas vezes partem para uma direção duvidosa, eu diria até que perigosa, sem um rumo certo. Sou apenas levado pelo momento de dor que eu me lancei ou me fiz lançar!
Eu não sei...
Eu deveria voltar e tentar de novo?

— "Estamos perdidos em meio ao caos que se tornou nossas vidas!"

Sabemos que o caminho de volta é inevitável; ele ainda tem aquela luta, com seu misto de sentimentos complexo e inexplicável, criado por ele e que nos parece ser este, um caminho sem volta; e talvez deva ser.

O mais duro e difícil de ser aceito por ele é que em meio a tudo isso, ele se encontra sozinho e continua como um náufrago em alto mar. Mas bem distante, ele consegue perceber que há terra firme, mas teme ser apenas um delírio da sua mente já tão confusa.

Ele já não se encontra em si mesmo.
Busca refúgio nos seus versos; cheios de medo e dor...


Wilton Lima

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

CRÔNICAS DE UMA INSÔNIA #012

NOITES VAZIAS

São noites perturbadoras e ele se sente sozinho.

As lágrimas têm sido as suas melhores palavras, pois nem mesmo escrever, como outrora, ele consegue;
seus versos estão mudos!

[...]
E mais uma vez, ele mergulha naquele misto de sentimentos que volta a lhe prender ao medo e, lhe deixa como um náufrago perdido em alto mar; envolto em uma neblina tão forte que lhe fez perder o rumo.

São noites perturbadoras...

Ele tenta se encaixar no único refúgio que julga ter, buscando orientações para seguir o caminho mais fácil, na verdade, o caminho aceitável e mais cômodo; mas não para ele.

[...]
Muitos estão andando com ele e de braços dados até...
Lhe conduzindo ao fácil ou mesmo àquilo que o seu coração grita constantemente.

Porém, ele está sozinho, perdido e sem rumo!
E sua força se esvai.

O medo lhe tira o sono, aprisionando suas rimas e sufocando o mais belo dos seus sentimentos.

Ele nem mais o reconhece;
esqueceu seu sabor e sua fragrância se perde a cada passo arrastado que ele dá.

E os dias são difíceis para ele e, de decisões que teme fazer, mas que é preciso; ou não...

Tudo lhe diz que a solução é parar ou mesmo desistir dos seus sentimentos; desse complexo misto de sentimentos. Entretanto, têm sido sua base e sua constante busca por uma resolução; alguns diriam ser a sua válvula de escape!

São noites perturbadoras e ele, já sem forças, luta sem saber para onde ir e na incerteza se há de existir alguém que lhe estenderá a mão. Sem questionamentos e dúvidas, apenas lhe dá a mão!

Wilton Lima

quarta-feira, 24 de março de 2021

Nada será igual - entre o medo e a saudade


Os dias têm sido difíceis
De muita dor
Medo e de muita incerteza.

A distância se tornou quase obrigatória para muitos, porém necessária.

Há aproximadamente 1 ano, essa doença me distanciava de pessoas que vão sempre merecer um espaço especial e significativo na minha vida.

Uma saudade sem explicação me consome...
Até aquela rotina, que eu costumava reclamar, confesso que me faz falta!

Eu sei que não será igual...

As viagens à Sobral, naquele busão universitário quase sempre lotado, penso que vai ser um pouco diferente, mas durante a viagem eu voltarei a ouvir minhas músicas preferidas e os melhores podcasts.

O retorno as salas de aula será um momento nostálgico, como aquele primeiro dia na Universidade, com o coração cheio de sonhos para o futuro, com a esperança de construir laços de amizade no curso escolhido;

a vontade de voltar, abraçar com vontade e forte, só aumenta.

Mas não será igual!

Provavelmente, as reuniões entre amigos, as festas ou até mesmo aqueles papos descontraídos no Spetos Beer ou ali no anfiteatro da Praça Quirino Rodrigues, nossa Pracinha do Abrigo, não serão iguais;

a dor pelas milhares de mortes, algumas próximas a nós, vão sempre nos fazer repensar em como devemos gerenciar nosso tempo, como aproveitar cada momento dos nossos dias.

Um sentimento de vazio me consome quando lembro que ano passado não tivemos a nossa tradicional confraternização dos Nerds Jornalistas, sempre ali no Tako; e me dói pensar que corremos o risco de não tê-la esse ano.

Sinto uma dor por não poder ver e abraçar aqueles que me receberam como família quando cheguei em Sobral, ainda muito tímido e sem nenhuma amizade. Saudade dos almoços em família e das conversas sobre política e religião, momentos que me traziam muito aprendizado. E então, me envolvo no desejo de revê-los e conhecer os novos integrantes da família.

Há também, uma grande saudade daquela correria da segunda-feira; de chegar quase sempre atrasado na reunião geral do Time Enactus UVA Sobral e correr de um campus para o outro para conseguir pegar o RU ainda aberto ou mesmo das reuniões do Marketing na Padaria do Arco e de lá andar um bocado até o Betânia.

Essa correria faz falta.

Sinto mais ainda do convívio com o time, dos aprendizados de cada encontro, dos finais de semana na comunidade do Serrote do Piaba, da energia contagiante da Dona Rose, Dona Nonata, da Dona Edileuza, do Carlinhos, enfim, o SerTão Sustentável vai sempre fazer parte da minha vida.

E eu sinto falta de planejar meus finais de semana em Acaraú para reencontrar amigos queridos, mesmo sabendo que haverá algum imprevisto e eu não irei.
Há uma saudade daqueles que mesmo longe e em momentos improváveis permaneceram fieis a uma amizade construída lá em 2005 e são muitas as história de superação para contar. No entanto, Shakespeare já me alertou naquela época que "um dia a gente aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias" e nós comprovamos e estamos vivendo essa realidade.

Às vezes, quando eu paro e fico a pensar, bate um arrependimento de todas as oportunidades que deixei passar; de não ter falado o que eu deveria, de não amar mais, não cuidar como queria, de não dá atenção necessária ou simplesmente não ser e estar.

E olha que Shakespeare já havia me falado quando eu ainda tinha 14 anos, que devemos sempre nos despedir das pessoas que amamos com palavras amorosas e aproveitar cada momento com elas; pode ser a última vez que as vejamos.

E muita coisa mudou e não vai ser igual;

Talvez, quando tudo isso passar, eu aproveite com mais intensidade os momentos não planejados, assim eu valorizo ainda mais cada sorriso e cada olhar oferecido, até mesmo os mais tristes;

Mas eu sei que nada vai ser igual e é bom que não seja!

Wilton Lima

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

CRÔNICAS DE UMA INSÔNIA #011

FRAGMENTOS

Ele olha para trás e percebe que não tinha ao seu alcance, nenhuma solução e nenhum socorro ao seu dispor. Foi obrigado a viver e mergulhar no mais sombrio dos seus sentimentos;

e assim ele se perdeu;
se perdeu de si mesmo!

A memória de uma infância não vivida como deveria, vem à mente como um raio que acerta seu alvo sem nenhum temor das consequências ruins que ele trará.
E traz uma destruição tão grande que seu pensamento ultrapassa os limites conhecidos, mergulha no mais profundo e solitário dos seus sentimentos e lá, parece querer morar.

Porém, algumas vezes ele se depara com lembranças tão distantes, tão fora da realidade, que acredita estar apenas sonhando e que nunca chegou realmente a vivê-las.

Entre lapsos de memórias recentes, esse passado vem com expressões em detalhes, com momentos que paralisam seu pensamento. Acredita que não aproveitou com excelência as alegrias que são lembradas e possivelmente, seja este o motivo de paralisar nessas expressões de felicidade.

Mas nem todo momento é de prazer. Num instante de pausa, quando se deleita nas alegrias, veem as dores, os traumas que ele teima em dizer que não lhe machucam mais, que só fazem parte de um passado esquecido.

Junto, porém, vem os questionamentos.

Assim, ele se torna refém deste passado, enquanto memórias frescas insistem em não permanecer guardadas.
O cruzamento de sentimentos trazidos por essas expressões passadas, têm-lhe tirado o sono e o envolve numa insônia tenebrosa. O brilho dos sorrisos lembrados é apagado e ele não consegue identificar reação alguma para ter sido diferente.
Afinal, aparentemente era bom, era só uma escolha. Mas não, não era só isso, não se tratava apenas de escolhas.

Ele não sabe!

Novamente, se perde em seus pensamentos...
E hoje, sua luta diária tem sido essa: de combater seus monstros e o medo que lhe persegue a cada noite de insônia ou a cada minuto em que sua mente lhe trai e o faz se envolver com aqueles momentos que seu coração vive a lutar contra.

Olha para trás e vê um passado de muita dor. Algumas que o persegue até hoje. Então, ele olha adiante e se depara com seus temores e com as maiores incertezas, refletidas no misto de sentimentos que o envolve e lhe aprisiona na maior dúvida que já enfrentara.

Mas ele continua...

Wilton Lima

sábado, 5 de setembro de 2020

DIAS INCERTOS

[...] E a saga deles continua!


O caminho volta às suas incertezas e recheado de grandes dúvidas, do que há de vir ou mesmo do que realmente são estes sentimentos mistos e frenéticos. 

As lacunas tornaram-se ainda maiores!

Aparentemente, ao externo, tudo está tranquilo e fluindo, como a mais bela canção já composta. Porém, são dias difíceis; decisivos, porém, indecisos...

As incertezas voltaram como um novo ingrediente.
A dúvida sobre a veracidade de um dos sentimentos, o que para eles é o essencial para fazer sentido na caminhada em busca daquilo que almejam. Eles param em meio a esta dúvida. E mais uma vez a caminhada é interrompida.

O caminho se tornou irrisório!

[...] Uma partida se faz necessária e, o silêncio pôde voltar a dominar os seus versos, que lentamente voltava a ter suas rimas. O medo da partida lhe consomo e lhe tira o sono em quase todas as noites e deixa seus dias incertos e sem esperança.

Na verdade, o brilho no olhar e aquela paixão do primeiro momento continuam radiantes como outrora, mas a distância tenta romper esse elo; o coração ainda fragilizado segue firme, porém sem a certeza de que voltarão a caminhar juntos; no mesmo sentimento.

A visão é turva e o caminho traiçoeiro. Contudo, eles continuam tentando e ainda há muito o que percorrer.

Esperar...
Continuar e esperar.

Wilton Lima

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O silêncio que incomoda

Eu moro em uma cidade pequena, com pouco mais de 11 mil habitantes, localizada a mais de 300km da capital Fortaleza.

Em março, quando surgiram os primeiros casos da Covid-19 no Brasil, temia-se muito por aqui que o vírus chegasse ao Nordeste e tão logo ao Ceará. E ele chegou e com muita força.
Eu via o desespero de alguns, bem poucos, quando as primeiras mortes eram confirmadas no Brasil. Porém, naquele momento estávamos todos muito apreensivos e com medo do que estava por vir.

Contudo, aos poucos me parecia que tudo ia se tornado normal aos olhos e sentimentos de muitos. Me traziam a sensação, de que para eles eram apenas números e pior do que isso, o sentimento de dor e compaixão não era transmitido, nem mesmo com números tão altos de casos confirmados e com milhares de mortes em todo país.

Hoje, já passamos de 114 mil mortes no Brasil e com mais de 3 milhões e 600 mil casos confirmados da Convid-19.

Por aqui, a sensação é que o vírus não existe e que a dor pela morte de mais de 114 mil pessoas é irrelevante. Isso é apenas um reflexo do que vemos no Brasil, onde seu líder tenta a todo custo minimizar essa grave crise que enfrentamos, pois, seus olhos estão fixos apenas para 2022.

Não sentimos a dor do outro, não nos importamos uns com os outros. Eu confesso que tento manter firme minha esperança de que tudo vai melhorar, não de voltar ao normal, pois nosso normal já era algo muito ruim.

É difícil, muito difícil!

Que possamos ser melhores, nos colocar no lugar do outro, ou tentar, pelo menos. Quem sabe assim, possamos sentir um pouco da dor que as famílias e amigos, das mais de 114 mil pessoas que partiram, estão sentindo nesse momento.

Isso é sobre ser gente. Saber amar e cuidar do outro! 
Podemos tentar?

Wilton Lima

segunda-feira, 13 de julho de 2020

CRÔNICAS DE UMA INSÔNIA #010

AS DORES DE UM POETA

O medo quase sempre nos faz parar, em algumas situações, até mesmo desistir.

Ele vive rodeado por este medo, porém, nunca ateve-se aos desafios, nem mesmo aos que nos pareciam impossíveis.

Durante muito tempo buscava-se a aceitação; ter esta aceitação e estar ladeado por pessoas que aparentemente eram necessárias à sua vida, sempre foi uma busca constante. Hoje, mesmo negando, por vezes, ainda se encontra nesse estágio de busca.

Lembra daquele primeiro naufrágio e das marcas que ele deixou? Pensamos que ainda há marcas com feridas abertas e, talvez sejam elas as responsáveis por tanto medo.

Mas como não perceber?
Como não deixar-se tratar?
Ele mesmo não consegue compreender!
E quase sempre, sua opção é parar.

O caminho se torna cada vez mais difícil.
Sua poesia sempre foi um refúgio. Porém, suas rimas perderam a cor, perderam a razão de ser e ter. E os versos continuam mergulhados no mais triste dos silêncios.

Cada um seguiu seu caminho. Não era o caminho planejado no início da jornada, nem mesmo era cogitado.

Aquele brilho no sorriso perde cada vez mais a sua intensidade. A suavidade do olhar, que alegrava e consolava, aos poucos se esvai e em tudo, nos parece ser o fim.

Mas como pode ser?

As dores precisam ser tratadas e mesmo que fiquem as marcas, e sempre ficam, aquela ferida necessita ser curada.

Os motivos são conhecidos e evitáveis, porém, algo nos impede de removê-los. Talvez seja o medo, ou mesmo a voz da razão nos dizendo para continuar no caminho que estamos. E mesmo debilitado, o coração resiste e nos aponta um caminho ainda mais difícil, com muitas pedras e barreiras a serem enfrentadas, mas o caminho nos aponta para uma liberdade com uma alegria tão bela e inexplicável, que só encontro sentido no seu olhar!

Ele precisa de forças. Pois ainda há muito caminho a ser percorrido, muitas decisões a serem tomadas, muitos acasos a serem vividos e tentar, simplesmente tentar compreender e continuar!

Wilton Lima