terça-feira, 9 de julho de 2019

ARQUITETO DE RUÍNAS

Eu não queria dizer adeus. O coração, porém, anseia por isso, ainda mais a razão, que tem comungado ardorosamente com ele. 


O caminho tomou uma direção desproporcional ao que tinham estabelecido; se olham e não se conhecem mais, não há mais harmonia nos olhares.

Alguém por favor, poderia nos explicar como o amor, aos poucos, virou meras gotas naquele vasto oceano? E eu, simplesmente não o posso mais restaurar ou definitivamente não tenho mais forças. 

Ele ficou encoberto pela solidão. Aos poucos o vazio tomou conta do coração que sempre esteve visitado e agora, nada além do vazio e do silêncio. Um silêncio que traz dor e medo. Possivelmente, foi tudo um resultado daquela confusão de sentimentos.

Você decidiu partir e de mim levou bem pouco. Me deixou sozinho nessas águas e me deixou sem saber para onde ir. Não sei mais qual caminho estávamos trilhando juntos. 

Apenas nos questionamos o porquê de tanta dor, o porquê dos nossos castelos terem ido ao chão, virado apenas ruínas e nos parecerem, meras memórias esquecidas. O projeto nem ao início foi possível voltar; a visão ainda está turva, mas nos parece que algo nos faz querer voltar.

A indecisão, porém, passa a reinar novamente, com uma força extraordinária e com um resplendor tão grande que nos faz afastar.

O coração grita. Ela tenta resistir, busca forças para conseguir e talvez consiga. Para isso, é preciso que um de nós nunca desista.

Eu não quero dizer adeus;

[...] 
Ou você me esquece de vez ou eu nado por nós dois nessas águas, mesmo que eu esteja debilitado pelo naufrágio da última partida. Por nós, eu encontrarei forças no seu sorriso e na melodia que seu olhar me faz ouvir. 

Mas a distância não me deixa te sentir. Não me deixa contemplar a beleza do teu olhar. Ainda assim, o coração teima em querer te abraçar.

Ainda posso resconstruir nosso castelo. Transformar estas ruínas na mais bela e perfeita moradia do nosso coração. Me basta apenas aquele teu olhar mais singelo e tudo novamente, será como aquela nossa bela canção.

Wilton Lima

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