terça-feira, 24 de dezembro de 2019

UM NATAL TODO DIA

Então chegam as festas de final de ano e as famílias se reúnem para comemorar um natal comestível, brilhante e recheado de presentes.

Festejamos uma hipocrisia coletiva!

Muitos, ao tentar amenizar suas falhas cometidas durante todo um ano, passam a lembrar dos mais carentes, com uma cesta básica talvez ou, doações de brinquedos usados e aquelas roupas já esquecidas também entram no pacote.

Sim, não é errado fazer isso, nem mesmo feio!
Mas depois?

Passamos nas ruas e vemos aquelas mesmas pessoas pedindo ajuda, vemos pais desempregados, pessoas sem um lar para dormir, passando frio, fome, sem um abraço e sem ninguém para lhe ouvir. 

E nós como reagimos?

Passamos nas ruas e vemos muitos entregues às drogas, alguns mendigando para alimentar essa “necessidade” e nós, o que fazemos?

Vemos os noticiários de centenas de mulheres sendo exploradas e amordaçadas diariamente e quando estas mesmas mulheres levantam suas vozes para denunciar e pedir socorro o que dizemos?

E o incontável número de crianças no interior do Nordeste, sendo utilizadas como brinquedos sexuais todos os dias, qual a nossa reação, o que fazemos para mudar?

Eu poderia ainda citar as mortes dos negros que em sua maioria é pobre e morador de favela. Ou mesmo das muitas mortes de homossexuais e que muitas vezes não levamos em consideração.

Onde nós estamos? 
Qual nossa reação para tentar mudar essa realidade? 
Simplesmente nos calamos?

Desejar um Feliz Natal deveria ser mais que um desejo. Deveria haver mais atitude da nossa parte. Lembrar dos que precisam, dos que não tem voz e nem vez no meio que estão, às vezes, jogados às margens de uma sociedade preconceituosa, racista e homofóbica.

Bom seria, se o natal fosse todo dia.

As famílias estariam mais unidas. Os corações mais cheios de esperança; cheios de solidariedade.

Talvez, tivéssemos menos desigualdade; menos opressão. Ouviríamos mais uns aos outros e assim, teríamos mais amor e bem mais compreensão.

Viva este natal todos os dias!

Wilton Lima

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

ENTRE CERTEZAS E INCERTEZAS - Parte 02

Dia 1º de outubro de 2006, neste dia eu votava pela primeira vez. Eram as eleições presidenciais e no segundo turno, no dia 29 do mesmo mês, o ex-presidente Lula se reelegia com uma porcentagem de 60,83% dos votos válidos, sobre o candidato tucano Geraldo Alckmin.

Já no dia 5 de outubro do ano de 2008, votei pela primeira vez para prefeito e vereador. Foi uma votação histórica em Martinópole, minha cidade. O então prefeito Francisco Fontenele Viana se reelegia com 56,53% dos votos válidos, sobre o candidato peemedebista James Martins.

O ano de 2020 se aproxima e com ele as tensões por conta de mais uma campanha eleitoral. Quem vive e respira a política do interior cearense, sabe bem como são as movimentações, em algumas cidades, como Martinópole por exemplo, vivemos em campanha política, aparentemente, o tempo todo e ela apenas se intensifica nos anos de eleição.

Há alguns meses ressurgiu de um passado razoavelmente distante, o filho de um político derrotado nas urnas em 2004, com um discurso de ser o novo para Martinópole, diferente da atual gestão e daquela que foi afastada ao final do ano de 2016, antes mesmo de concluir seu mandado, o mesmo que foi derrotado em 2008, mas que conseguiu se eleger em 2012.

Entre as certezas e incertezas do passado, um grupo que se apresentava como novo, em seus discursos pessoais e através de aliados, por meio das redes sociais, dizia se sentir frustrados com o prefeito atual e mais ainda com o líder político passado e afastado do cargo em 2016, que os abandonou e foi morar em outro estado e, que por aqui raramente é visto. Por isso então, optaram pelo que chamavam de "novo" para Martinópole. 

Porém, os que se diziam diferentes, a novidade e mudança para Martinópole, juntaram-se ao passado que tanto criticavam e mais, não é a primeira vez que isso acontece.

Em 2008, este que se colocava como uma alternativa nova para Martinópole, já foi aliado com o prefeito afastado, através de sua mãe, que foi vice-prefeita na chapa derrotada pelo pai do atual prefeito Júnior Fontenele.

O certo é que estamos no pré-aquecimento para 2020 e muitas mudanças hão de acontecer, algumas inesperadas pode acreditar, outras apenas confirmação do que podemos esperar.

Aqueles que cantavam que, viver do passado é coisa de museu, hoje se curvam a mediocridade dos seus próprios discursos mal elaborados e tentam a todo custo passar a impressão de que serão a solução dos erros que eles mesmos tanto cometeram.

Eu ainda prefiro a certeza do que meus olhos podem contemplar, de um trabalho honesto e transparente, com muita dificuldade isso não podemos negar, afinal de contas, herdamos dívidas absurdas a pagar. 

Há o que melhorar?
Isso é uma certeza absoluta em tudo na vida, mas negar as mudanças na infraestrutura dos nossos prédios, na limpeza da cidade, no cuidado extremo com a saúde e educação é ser, pelo menos, um facínora e não saber reconhecer quando erramos e acertamos, de forma honesta.

Eu volto a reafirmar: Eu, vivi todas as versões desta história relatada e dificilmente um discurso manipulador me seduzirá. Ainda mais sendo recheado de boas intenções, vindas de alguém que já participou do que era mal, que podia ajudar e não ajudou, que os abandonou quando mais precisou. 

Eu, jamais trocarei o certo pelo que nos parece ser incerto, mas com a certeza que eles seriam os mesmos que já foram um dia.

Wilton Lima

domingo, 27 de outubro de 2019

INDO NA DIREÇÃO CONTRÁRIA

Vivemos no tempo em que nos tornamos pessoas descartáveis, e encontrar quem doe atenção, cuidado e amor, é sempre tido como suspeito. 

Estamos no tempo em que nossos políticos legislam em causa própria e encontrar a resistência em alguns não é compreensível, às vezes nem é mesmo aceito. 

Recente, conversando com um amigo sobre os rumos da política e os direcionamentos que a sociedade tem tomado, voltando-se a um conservadorismo extremo, que julga e mata sonhos e que até chega a matar fisicamente por causa das diferenças, é impossível acreditar e querer lutar por dias melhores ou simplesmente por uma mudança ou mesmo lutar pelo direito de ser e viver com as diferenças que por acaso venhamos a ter em relação àqueles que têm o poder sobre o estado. 

Sim, eu ainda acredito em dias melhores e mais justos do que estes que estamos imergidos. 

A mudança verdadeira há de acontecer primeiro por meio daqueles que acreditam e são a resistência. Que dedicam o que têm e o que são, por aqueles que já não tem forças de lutar e acreditar.

É lamentável ver uma parcela considerável da sociedade, formada em sua maioria por religiosos que julgam antes mesmo do Deus que eles dizem servir. Que determinam o que é o certo e errado em uma sociedade plural e de crenças múltiplas, cada uma com sua particularidade, que merece respeito e atenção se necessária. É lamentável ver esse mesmo grupo acreditar em um Messias, que coloca a solução nas armas e na tortura daqueles que não seguem o mesmo rito que ele. 

Estão indo em direções totalmente opostas. Seguindo caminhos já trilhados, caminhos que mataram, torturaram e que para eles, parece ser a solução.

Não dá! 
Eu vou seguir o caminho contrário do deles. Eu vou continuar sendo a resistência, mesmo que para muitos parece ser loucura ou mesmo um ato de rebeldia e talvez seja mesmo. 

Não podemos nos calar e simplesmente aceitar sem antes levantar nosso grito de protesto, sem mostrar que pensamos e que somos diferentes.

À luta, firmes, fortes e unidos!

Wilton Lima

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

PERDIDOS DE SI MESMOS - Parte Final

Uma sociedade de consumidores e de ausência de certezas (Site TodaMatéria)
As pessoas tornaram-se objetos. Não temos mais uma vida social. O amor tornou-se secundário e a busca desenfreada por uma sociedade que se adeque aos nossos próprios anseios é uma realidade cada vez mais visível nesta Modernidade Líquida, como releva os estudos do sociólogo e filósofo polonês, Zygmunt Bauman que morreu aos 91 no ano de 2017, nos deixando um enorme legado sobre a fragilidade do homem em relacionar-se com o outro, em um mundo cada vez mais capitalista e imediatista.

Pessoas usam pessoas e as descartam como um objeto qualquer!

Nos perdemos ao longo da caminhada e juntos, levamos outros a este abismo sem fim. Na busca por uma satisfação imediata descartamos pessoas e sentimentos como uma naturalidade extraordinária. Nos falta o mínimo de empatia nestes dias, nos falta um olhar humano para a dor e necessidade do outro, seja ele branco, preto, homo, hétero, trans, não importa, apenas necessitamos de pessoas que amam pessoas, com suas diferenças, falhas e medos.

Eu tenho medo de como será o fim desta história.

Temos um longo caminho a percorrer, mas temo pelos que ficarão. Nada mais nos satisfaz e isso nos coloca como consumidores não apenas do que é vendável, mas consumimos sentimentos e sonhos e nos desfazemos deles com uma facilidade maior do que a "conquistamos" ou usurpamos.

Volto a reafirmar minha angústia. 

Vivemos um período onde não temos tempo para cuidar um dos outros e dar atenção que eles precisam. 

Precisamos desenvolver em nós, a cultura do cuidado, da compreensão e atenção ao próximo, mesmo que isso não nos pareça vantajoso. Pensar no outro, cuidar e compartilhar da alegria e do amor que há em nós, é essencial para que consigamos o mundo melhor e mais justo.

Ame, cuide e compartilhe dessa verdade; 
Seja o amor que este mundo precisa!

Wilton Lima

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

VAMOS CONVERSAR?

Fui criado no rigor de uma igreja evangélica pentecostal, a qual tenho muita consideração por todo aprendizado e crescimento, mesmo não concordando com muitas de suas ações como instituição religiosa.

Nunca, durante a minha infância ou adolescência ouvi sobre a depressão e suicídio de uma forma clara e humanizada. No máximo eu ouvia que era a falta de Deus e que os que cometiam suicídio já estavam no inferno. Então, este foi o pensamento que esteve fixado por muito tempo em minha mente, até que algumas experiências me fizeram querer pensar diferente ou querer entender os porquês. E hoje, busco apenas abraçar, dá atenção e amor aos que passam por tais situações, de forma direta ou indiretamente.

Vivo em uma cidade que já tive a tristeza de saber da perda de muitos jovens para o suicídio, uns de forma anunciada, outras das mais inesperadas. Ouço também, relatos de pessoas que pensam no suicídio, que acreditam ser a única solução para dá fim a algum tipo de dor ou trauma que lhes cercam de uma solidão e depressão terríveis. Vejo pessoas que se levantam apenas para julgar a dor do outro, mesmo sem as senti-las e vejo essas mesmas pessoas dizer que são servas de Deus, o que Deus que provou seu amor ao enviar o seu ÚNICO filho, Jesus, para morrer por nós, pecadores e injustos e mesmo assim, essas pessoas esquecem da essência da mensagem do Cristo, que é o amor e o perdão.

Não podemos de forma tão abstrata compreender as causas que levam uma pessoa a mergulhar na depressão e até às vezes pensar em tirar sua própria vida. E não devemos ousar dizer que isso é um pretexto para chamar atenção, talvez até queira mesmo atenção, queira ser ouvida, compreendida e acolhida em suas angústias e não ser tratada apenas, como algo descartável.

Então, sejamos mais solidários uns aos outros, amemos mais e julguemos bem menos. 
Pare, ouça, compreenda e ajude quem precisa.
Seja amor todos os dias e compartilhe dele!

Wilton Lima

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

PERDIDOS DE SI MESMOS - Parte 02

Eu vejo um povo caminhando sozinho. Sozinho em suas dores e temores, perdidos em meio ao caos que nos colocaram. 

Perdidos; estamos perdidos... 

Sendo eu um dos mais otimistas, torno-me a cada notícia e decisões deles, um pouco mais desolado e desesperado com o que virá ou com o que não há de vir. São dias difíceis e dias que vejo aqueles que deveriam unir e abraçar, julgando e dando uma sentença final, antes mesmo do fim ter chegado.

Nos julgam!

Eu vejo um povo sendo julgado pelo simples motivo de ser diferente, por pensar e agir de forma que não os agradam. Os diferentes, estão perdidos para eles, porém, ouso dizer o contrário. Perdido estão aqueles que não respeitam e não sabem conviver e amar o que lhes parece ser estranho.

Uma luta travada em nome de Deus toma uma força tão grande, que chega a levar milhares a militar contra o próprio amor e contra o perdão, que eles mesmos levam em seus discursos; discurso entre quatro paredes! Fora delas, apenas acusações e sentenças são feitas. E realmente o amor e o perdão não são para todos, pelo menos é o que os meus olhos contemplam dia após dia, reunião após reunião e lei após lei.

Estão cegos em seus próprios conceitos e guiam muitos a um vazio de si mesmos.
Perdidos, eles estão todos perdidos!


Wilton Lima

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

PERDIDOS DE SI MESMOS - Parte 01

Eu vejo o povo perdido em meio a um deserto. Deserto de cultura, de arte e o mais doloroso: deserto pela falta do amor. Liderado ainda, por pessoas com um coração voltado ao egoísmo e amor ao poder.

Na política ou na religião? Já não sei mais diferenciar; já não sei nas mãos de quem o poder estar.

A cada novo dia e a cada novo discurso, me vejo imergindo em um passado que não podíamos ser diferentes do que a Igreja propusera como padrão, de conduta e comportamento. Alguns, por serem contra e só, por serem e pensarem diferente, foram levados à fogueira ou simplesmente excomungados e tirados do convívio com aqueles que se diziam escolhidos de Deus, um deus vingativo e opressor, aparentemente.

Parte da igreja, dissidente daquela que lutou e morreu com a chamada Reforma Protestante, volta às suas origens, onde nem a própria à época, se vê mais lá.

A busca obsessiva pela aceitação transformou-se também, na luta por estar no centro de toda e qualquer decisão de um país dito laico, mas que não respeita uma adoração diferente ou mesmo demonizam os que pensam contrário da fé aceitável.

Eu vejo um povo totalmente perdido e que acredita estar trilhando o caminho ensinado por Cristo. Porém, Jesus não nos ensinou a amar o outro como Ele mesmo nos amou? Não perdoou aqueles que o mataram? Eu vejo um povo perdido! 

Os tronos voltam a ser erguidos e neles estão homens e mulheres tão opressores quanto àqueles que condenaram e mataram Jesus.

Eu vejo um povo perdido...

Os muros que separavam, outrora derrubados, tentam erguer-se ao poder de quem já sabe mais o que é o amor. As lutas por igualdade e direitos são para eles insignificantes e nos colocam novamente às margens, ou estão tentando. 

Os poderosos ultrajados de misericórdia, apenas aprisionam o povo já perdido em sua fé e dele sugam toda e qualquer esperança e força.

Perdidos...
Estamos perdidos.
Há quem nos socorrerá?
Em quem podemos esperar?

A luta não tem sido fácil, há de tornar ainda mais difícil. Porém, precisamos resistir a toda forma de opressão e exclusão àqueles que pensam, agem e são diferentes ou simplesmente são o que são. Uns pelos outros e amando uns aos outros com suas diferenças e particularidades.

Wilton Lima

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

ENTRE CERTEZAS E INCERTEZAS - Parte 01

De repente o clima na cidade muda; os ânimos se afloram. Desta vez com uma intensidade, aparentemente, maior que outrora. Sim, já fostes de tempos turbulentos, de dias incertos e de um futuro nada promissor. 

Passado ou presente? Ambos se interligam, ambos já brincaram juntos. Porém, nem tudo sai como planejado, nem todos são como imaginamos ou confiamos. 

Um deles viu e sentiu a traição.

O presente tornou-se rapidamente passado, mas ele voltaria a ser a esperança de um futuro melhor. Um futuro que tudo era a nossa vida; a força e a coragem de reconstruir e seguir em frente. O que foi passado então, tornou-se nosso presente, junto de alguns de um passado ainda mais distante. Ficou e construiu o que era apenas sonhos de um futuro próximo. 

A alegria e compaixão ao próximo, durou um bom tempo. Infelizmente, por um descuido momentâneo talvez, tudo desmorona e novamente, ele volta ao passado, sendo assim substituído por um novo presente com características de um passado tão doloroso, mas que agora estavam em lados opostos, mas eram muito semelhantes.

Agora o passado diz não confiar no que foi, nem no que é. Contraditório ao sabermos que fostes coadjuvante de um passado sombrio e que mesmo depois de algumas tentativas frustradas de voltar ao centro da história, nos vem com este diálogo do diferente e renovador.

Não! 

Eu, vivi todas as versões desta história e dificilmente um discurso manipulador me seduzirá. Ainda mais sendo recheado de boas intenções, vindas de alguém que já participou do que era mal, que podia ajudar e não ajudou, que os abandonou quando mais precisou. 

Eu jamais trocarei o certo pelo que nos parece ser incerto, mas com a certeza que eles seriam os mesmos que já foram um dia.

Wilton Lima

terça-feira, 13 de agosto de 2019

AS DECISÕES DE UM POETA - Parte 01

O mais difícil para eles tem sido escolher qual dos caminhos é o correto ou mesmo qual deles é o mais fácil. A verdade é que deverão existir algumas perdas, seja qual for o caminho escolhido.

Ao olharmos para as marcas que ficaram do sentimento vivido e compartilhado, a dor volta com muita intensidade e traz lágrimas ao coração, já tão machucado e com poucas forças para resistir às altas ondas do mar a frente. 

A decisão de continuar tem sido muito difícil para eles, parece que todos se voltaram contra. Notamos que aquele amor já não é tão aceito. Nem sabemos se era aceito!
Dói...
A indiferença daqueles que se diziam estar juntos, ao lado para cuidar e abraçar, simplesmente se afastaram.

Em momento algum, nenhum chegou a culpar o outro pelos desencontros, nem por aquele primeiro naufrágio que poderia ter sido evitado, apenas os guardam em um silêncio tão profundo que nada e ninguém chegará a alcançar, nem mesmo vê-los de longe.

As barreiras são conhecidas e evitáveis, porém, algo nos impede de removê-las. Talvez seja o medo, ou voz da razão tentando nos dizer que a direção apontada por ela é a melhor; a correta. E mesmo debilitado, o coração resiste e nos aponta um caminho difícil, com muitas pedras e barreiras a serem enfrentadas, mas o caminho nos parece ser o mais livre, com uma alegria tão bela e inexplicável que só encontro no seu olhar.

Então, eu seguro firme nas suas mãos e decido continuar, mesmo sabendo que fácil nunca será.

Wilton Lima

domingo, 4 de agosto de 2019

CONFISSÕES DE UM POETA

Ele vive a buscar uma explicação para os seus sentimentos. Anseia entender a causa desse misto encabeçado por um amor inexplicável e que de tão ardente faz doer, mas de uma dor imperceptível.

São dias decisivos. Muitos acontecimentos os envolvem, uns inesperados, outros supostamente planejados. Há uma esperança, uma forma de elucidar todas as questões complexas desta relação, que chegou a um nível inimaginável e que não fora colocado naquele projeto inicial.

Os olhares intensos, retribuídos com um sorriso apaixonante, voltam a cada encontro e a cada palavra expressada. Aquele misto de sentimentos volta a se intensificar. Uma complexidade de saudade, incorporada por um ciúme tão belo e verdadeiro, que faz do amor a razão para toda lágrima já derramada, para as dores causadas pelos naufrágios e por cada queda em meio ao caminho.

O coração tenta encontrar as palavras certas para expressar a intensidade dos seus sentimentos, mas não as encontra. Todo sentimento envolvido não há como explicar em meras palavras existentes.

Ele simplesmente confessa sua incapacidade de entender como chegaram a este nível, que mesmo envolvidos de um amor incondicional, tão suave e verdadeiro, o coração grita silenciosamente por explicações. Mas nenhum de nós ousa querer entender ou imaginar suas razões;

O coração confessa não saber qual dos caminhos deve seguir. Lembra do início complicado, das suas indecisões e eternas indagações sobre o envolvimento com estes sentimentos tão belos, complexos e aparentemente inexplicáveis. Ele recorda das suas percepções enquanto concluía que o melhor seria ouvir a voz da razão e deixar a sua de lado, mas lembra também, que resultou em uma solidão tão profunda e amarga que novamente deixou seus versos mudos e sem sentido, levando-os ao pior dos naufrágios.

Quando um adeus se fez ou parecia necessário, eles se calaram. Juntos, tentam não deixar desmoronar o que foi tão caro construir. O amor ainda resiste, porém, com uma fragilidade jamais experimentada por eles.

Os caminhos continuam áridos e indecisos. Ainda não sabemos qual deles seguir, nem mesmo qual deles é o certo.

Parados? Talvez, ou apenas tratando dos machucados sofridos até aqui. E foram muitos. E as cicatrizes nos lembrarão de cada etapa vivida.

Ainda temos muito caminho a percorrer, muitas decisões a tomar, muitos acasos a serem vividos e tentar, simplesmente tentar compreender.

Porém, no final, o melhor é estar apaixonado sem nenhuma razão. Estar perdido em um abraço que aquece o coração durante o frio do inverno, que enxuga as lágrimas e traz consolo sem nenhuma palavra. Perdido, porém, de mãos dadas com o amor, aquele que não precisa de nenhuma explicação.

Wilton Lima

segunda-feira, 29 de julho de 2019

OS ÚLTIMOS VERSOS Parte 02

Talvez seja um adeus. Talvez seja o final da história ou mesmo eu, que não sei para onde ir, pois sem perceber, nos perdemos no caminho e nele ficamos estáticos.


Entre quedas e naufrágios a história mudou. Os caminhos foram alterados e tornou a caminhada cada vez mais difícil de suportar. Nós não entendemos o porquê de todos os acontecimentos, uns realmente foram provocados, achamos até que um dos naufrágios poderia ter sido claramente evitado, mas não evitamos e deixamos um dos barcos afundar. Não compreendemos a nossa decisão, apenas escolhemos; ou não, nem sabemos mais. 

Incrivelmente, entre lapsos de memórias e lembranças de olhares intensos e apaixonados, eles tentam manter vivo aquele sentimento. Porém, algo teima em insistir no adeus. 

Algo nos diz que os últimos versos estão perto. E mesmo sem planejar e ao desfazer totalmente o nosso projeto inicial, pudemos perceber que um sentimento puro e verdadeiro ainda se mantem vivo. Tão pulsante que o coração cria forças para lutar e tentar manter constante a nossa poesia. 

Ficaram muitas cicatrizes daqueles dias de dores e incertezas. A dor ainda persiste, mas o que seria do amor sem as dores das nossas escolhas, dos caminhos trilhados e dos espinhos encontrados em meio ao caminho? 

A história não pode acabar assim. Eu sei que foram muitas as tentativas e muitas renuncias, consequentemente muita lágrima derramada, mas não podemos acabar assim. 

O coração está ferido e sem forças. Mas não culpamos um ao outro, na verdade não sabemos de quem foi a culpa, nem mesmo saberíamos explicar como chegamos até aqui. Eu não sei explicar como resistimos as dificuldades, as palavras contrárias e ao grito desesperado e silencioso da alma. 

É verdade que mudamos a trajetória, mas conseguimos resistir a tudo. E agora nos parece ser um adeus? Seria necessário ou simplesmente chegou o dia do adeus?

Não!
Não pode acabar assim! 

Provavelmente a nossa última rima já deve ter sido escrita. Mas não queremos isso, não agora; talvez, só não queremos. Então, decidimos ouvir o coração e tentar mudar os últimos versos escritos neste poema de dor e dúvidas. Agora sem medo e nenhuma culpa. 

Será fácil? Possivelmente ainda mais difícil, mas ainda há um sentimento, ainda existe o amor e é com ele que iremos tentar reconstruir o que medo derrubou. 

O caminho é outro, diferente daquele que foi planejado, mas seguiremos firmes com o amor ao nosso lado. 

Wilton Lima

quarta-feira, 17 de julho de 2019

NÃO EXPLIQUE, APENAS AME!

Posso ser mal interpretado, posso não ser compreendido e até mesmo julgado quando falo sobre o amor. Porém, este é o sentimento que me move e que me mantem de pé e firme nesses dias maus.

Quem me conhece de perto ou apenas acompanha meus textos, nota que em tudo que escrevo, sempre há momentos, mesmo que singelos, em que falo sobre o amor, da importância de amar, de simplesmente amar e apenas amar.

É, porém, um sentimento muito complexo e sem concordâncias gerais. Ainda assim, defendo que é por meio dele que tornaremos este mundo melhor. É por meio e através do amor que romperemos as barreiras e que derrubaremos os muros que nos separam. É o amor que quebra as correntes, que muitas vezes tentam nos prender a padrões estabelecidos por pessoas que se colocam acima da vontade do outro, pessoas que querem escolher como devemos viver e agir.

Em um mundo onde o discurso de ódio e segregação é cada vez mais forte, devemos ser a voz e força daqueles que já não as tem, devido a tantas guerras enfrentadas. Alguns não terão forças para seguir sozinhos, muitos precisarão do nosso amor, cuidado e compreensão em meio ao caminho.

Podemos sim, ter dias em que nos questionamos sobre o amor, eu mesmo me questiono muito, ainda mais durante este misto de sentimentos que se faz. Não questiono sua força e importância; há um questionamento atrelado ao dialogo constantes entre o coração e a razão.

Mas talvez seja isso que é o amor. Nosso questionamento diário sobre este deserto e seus temores, como canta Djavan, mas quando nos jogamos nesse oceano esquecemos um pouco que amar é quase uma dor, pois na verdade no final sempre vale à pena se entregar ao amor.

Questionar!

Deixo este questionamento para nós. Sei que não é fácil e não será. Mas há uma forma correta de amar? Há pessoas certas para amar? Escolhemos ou não a quem amar? Seguimos um padrão para amar ou decidir amar?

É normal nos questionarmos, porém, acredito em uma verdade. Se Deus é o próprio amor, onde este amor existir, Ele se fará presente.

Então, não tenha medo. Apenas ame. Espalhe o amor!

Wilton Lima

segunda-feira, 15 de julho de 2019

O MEU NÃO AO GOVERNO BOLSONARO

Tenho recebido inúmeras mensagens via WhatsApp, Messenger e até directs no Instagram, dizendo que estou exagerando nos meus comentários contra o atual governo. O mais incrível é que não há argumentos suficientes para que eu pense diferente. A imbecilidade chegou a um nível tão grande, que é possível defender a corrupção outrora tão combatida por eles, pelo simples fato que para estes, o PT ou mesmo o Lula não estão mais no poder ou seja, a corrupção me parece ser exclusividade apenas destes personagens políticos.

E aqueles que diziam não ter um político de estimação na verdade têm muito mais que isso; elegeram um mito, alguém que lhes parece estar além da lógica racional, até mesmo daqueles que são, ou pelo menos se dizem ser discípulos de Jesus. Estes então, muitos deles líderes religiosos, deixaram o amor ensinado e compartilhado por Cristo em segundo plano, para defender um discurso de ódio e segregação cada vez mais real no nosso país.

O combate a corrupção revelou-se um grande esquema armado para tirar alguns personagens importantes da nossa história do jogo político, para assim satisfazer o desejo de uma extrema direita preconceituosa, com o desprezo racial e sexual tão atrelado a seus discursos que se torna a cada dia algo natural, que na verdade deveria ser abominável. Sim, para eles o diferente e tido como anormal é excluído e simplesmente desprezado. Tudo em nome da moral, dos bons costumes e pior, em nome de Jesus, aquele que amou a todos, sem distinção de raça ou quaisquer outras diferenças.

Para mim, torna-se cada vez mais difícil encontrar algo que eu defenda neste governo e em seus aliados, inclusive naquele em que uma nação elegeu como salvador da pátria, que expurgou, segundo seus defensores, a corrupção do país, condenando e digo aqui que, ilegitimamente, o maior político em vida da história do Brasil, concordando ou não com todas as decisões políticas do seu governo.

Temos um governo que além de excluir, defende pautas altamente fora do conceito do verdadeiro amor ensinado por Jesus e falo isso porque sua maior defesa vem de igrejas que abençoam este mito, muitos líderes milionários às custas da fé de milhares de brasileiros, que buscam nas suas mensagens um alento às suas dores, mas só as pioram e entram num turbilhão de mentiras moldadas por um evangelho totalmente fabricado para atrair e ludibriar quem os ouve.

Me recuso apoiar um governo que defende a tortura; não aceito um governo que corta recursos da educação e trata os nossos professores como criminosos. Me recuso a defender alguém que incentiva o trabalho infantil e que luta por uma reforma que é tão cruel com os mais pobres que me enojo cada vez mais dos políticos aliados a este projeto.

Há muitos motivos para eu não defender o atual governo. Minha consciência cristã e conhecimento do verdadeiro amor de Jesus não me deixam de maneira alguma, associar-me a ele, como também a igrejas que o defendem como tanta cegueira por um único motivo; não concordar com a esquerda brasileira e sendo assim, defendem os absurdos praticados pelo senhor Jair Bolsonaro.

Não se deixe enganar por discursos de ódio, moldados por uma falsa moralidade, atribuída a um deus que julga aleatoriamente, segrega, tortura e mata, tudo aquilo que fizeram com Jesus. Minha oração é para que Deus tenha misericórdia da nossa nação e que possamos refletir sobre a situação que vivemos e vamos sim, resistir sempre e cuidar uns dos outros.

Encerro minha breve indginação com uma reflexão publicada pelo teólogo Tiago Santos no Facebook:

"Vexame mesmo é ver pastores defendendo absurdos como trabalho infantil e nepotismo pra não ter que concordar com a esquerda. Esse apoio acrítico e incondicional ao Bolsonaro está transformando o Brasil em terra arrasada."

Enfim, lembre-se sempre que o ato de crer deve ser consciente.

Wilton Lima

terça-feira, 9 de julho de 2019

ARQUITETO DE RUÍNAS

Eu não queria dizer adeus. O coração, porém, anseia por isso, ainda mais a razão, que tem comungado ardorosamente com ele. 


O caminho tomou uma direção desproporcional ao que tinham estabelecido; se olham e não se conhecem mais, não há mais harmonia nos olhares.

Alguém por favor, poderia nos explicar como o amor, aos poucos, virou meras gotas naquele vasto oceano? E eu, simplesmente não o posso mais restaurar ou definitivamente não tenho mais forças. 

Ele ficou encoberto pela solidão. Aos poucos o vazio tomou conta do coração que sempre esteve visitado e agora, nada além do vazio e do silêncio. Um silêncio que traz dor e medo. Possivelmente, foi tudo um resultado daquela confusão de sentimentos.

Você decidiu partir e de mim levou bem pouco. Me deixou sozinho nessas águas e me deixou sem saber para onde ir. Não sei mais qual caminho estávamos trilhando juntos. 

Apenas nos questionamos o porquê de tanta dor, o porquê dos nossos castelos terem ido ao chão, virado apenas ruínas e nos parecerem, meras memórias esquecidas. O projeto nem ao início foi possível voltar; a visão ainda está turva, mas nos parece que algo nos faz querer voltar.

A indecisão, porém, passa a reinar novamente, com uma força extraordinária e com um resplendor tão grande que nos faz afastar.

O coração grita. Ela tenta resistir, busca forças para conseguir e talvez consiga. Para isso, é preciso que um de nós nunca desista.

Eu não quero dizer adeus;

[...] 
Ou você me esquece de vez ou eu nado por nós dois nessas águas, mesmo que eu esteja debilitado pelo naufrágio da última partida. Por nós, eu encontrarei forças no seu sorriso e na melodia que seu olhar me faz ouvir. 

Mas a distância não me deixa te sentir. Não me deixa contemplar a beleza do teu olhar. Ainda assim, o coração teima em querer te abraçar.

Ainda posso resconstruir nosso castelo. Transformar estas ruínas na mais bela e perfeita moradia do nosso coração. Me basta apenas aquele teu olhar mais singelo e tudo novamente, será como aquela nossa bela canção.

Wilton Lima

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Crer e Pensar #012

SOU CRISTÃO APESAR DA IGREJA - Parte 03


Nasci e me criei dentro de uma cultura cristã evangélica. Passei minha adolescência de forma atuante e envolvido nos trabalhos desenvolvidos pela igreja a qual eu fazia parte. 

Por volta dos meus 18 anos comecei a questionar de forma incisiva o comportamento da instituição e principalmente daqueles que a lideram, estadual e nacionalmente e junto, claro, veio o desprezo por parte de alguns. Afinal, ir contra o que estava proposto sempre foi inadmissível naquela instituição, em algumas ainda continua sendo. 

[...]
Eu cresci ouvindo que não podíamos discordar da palavra do pastor. Era algo que sempre me incomodou, mas me mantinha fiel a esta regra. Quando passei a ter consciência de um evangelho puro e simples, através das leituras diferentes das que me eram apresentadas, entendi que o homem não só complicou a realidade do amor de Jesus por nós, como mercantilizou-o absurdamente. O que nos era dado pela graça de Deus, de forma abundante e inexplicável, agora era uma recompensa ao que eu fazia enquanto servo de uma igreja e como obedecia às ordens dos seus líderes.

Muita coisa deixou de fazer sentido para aquele jovem questionador!

A igreja que antes protestava e dava a mão ao necessitado, acolhendo e abraçando em suas angústias, agora se torna cada vez mais parecida com aquela em que rompeu séculos atrás. Vendendo as bênçãos e o perdão. Cobrando, absurdamente, dos fiéis que desejam fazer parte daquele rebanho.

Hoje, eu vejo uma igreja mais preocupada com sua participação efetiva na política (não que isso não deva acontecer) do que sua participação para minimizar os traumas sociais que vivenciamos todos os dias. Os milhares de negros e homossexuais que são mortos no Brasil não é pauta nas lutas da igreja. Milhares de mulheres espancadas e mortas por homens que se sentem seus donos não incomoda os líderes dessas igrejas. Não vejo uma participação efetiva de líderes religiosos, que têm a força da mídia e a força de igrejas milionárias, na luta contra o abuso sexual das crianças no Nordeste do Brasil. Eu não vejo, algumas dessas igrejas, preocupadas com má distribuição de renda no nosso país. Não, eles não se incomodam!

Eu vejo líderes mais preocupados com aquilo que eles chamam de moral e bons costumes, ao ponto de ultrapassar os limites do amor, do cuidado e da compreensão. 

Eu vejo igrejas que esqueceram do amor verdadeiro ensinado por Jesus. Eu vejo igrejas que esqueceram do próprio Jesus, que dizem manchar por Ele, mas que estão sem Ele.

Apesar de tudo e da igreja eu ainda acredito no amor verdadeiro de Jesus, no seu Evangelho Puro e Simples, que ama e acolhe a todos. 

Que nossa busca diária seja esta: andar como Jesus andou e amar como Ele mesmo nos amou, só assim seremos verdadeiramente conhecidos como seus seguidores (João 13.34 e 35).

Wilton Lima

segunda-feira, 1 de julho de 2019

AFLIÇÕES DE UM POETA

Seria o amor o sentimento mais complexo de se entender e seria ele responsável por toda essa confusão que se fez em nós?

É provável que não consigamos uma resposta concreta tão cedo, pois fundiu-se a ele outros dois sentimentos, extremamente delicados ao meu coração e assim, também, utopicamente explicáveis em palavras existentes. Eu falo de dois sentimentos tão fortes e intensos quando ao amor; a saudade e o ciúme. Ambos, complementares ao sentimento maior, porém, sem uma direção definida ou entendida facilmente. 

O amor será sempre um sentimento encantador e é aquele que nos mantem firmes nessa caminhada tão complexa, porém, algo mudou. 

Quando a separação mais uma vez se fez necessária, em meio as águas incertas daquele mar, tudo ficou diferente. A tempestade tornou-se mais intensa e a visão mais turva, ao ponto de não enxergamos um ao outro com facilidade. Naquele momento, navegávamos em embarcações diferentes e por causa da intensidade daquelas ondas, um dos barcos veio a naufragar. 

Foram horas de dores excessivas até o socorro chegar. Veio com inóspito sentimento que nos fez pensar na realidade de tudo que foi vivido; na veracidade de todo amor compartilhado e mais, a indagarmos se realmente é amor. 

O que é o amor? Quem e porquê amar? 

Exponencialmente tudo mudou! Esta mudança nos constrange e nos faz querer entender onde nos perdemos. E o que os levou a esse momento. As horas de demora pro resgate deixou marcas profundas e certamente as cicatrizes não sairão com facilidade como outrora, pois tudo mudou... 

As incertezas deram lugar a longos momentos de aflição e já não há aquela percepção do que este sentimento nos trazia, deixando-nos com maiores inquietações, que nos leva a intermináveis indecisões com uma carga de indagações ainda maiores. 

Aquele doloroso naufrágio deixou marcas ainda maiores do que as existentes. O caminho se tornou mais difícil. 

Então, o silêncio novamente se faz necessário e mesmo que os versos estejam a brotar, o silêncio de novo irá reinar. 

Decidimos que a única opção racional e emocional do momento seria o silêncio, incompreendido e às vezes não aceito. Porém continuemos. 

Ainda temos muito caminho a percorrer, muitas decisões a tomar, muitos acasos a serem vividos e tentar, simplesmente tentar compreender. 

Wilton Lima

sexta-feira, 28 de junho de 2019

OS ÚLTIMOS VERSOS Parte 01

A morte seria a melhor solução? Não há outro caminho a seguir ou definitivamente não vemos um alternativo? 



Quanto mais tentamos seguir outro caminho, na direção não somente aceitável, mas na que nos fará sofrer menos com as recorrentes dores do arrependimento, nos faltam as forças para seguir ou mesmo nos falta a certeza que será melhor.

É recorrente o questionamento do porquê de tudo isso, da falta de forças para resistir a tudo; e o porquê de não dizer, simplesmente, um não para as inúmeras oportunidades que  nos surgem, ou ainda, porque não fugir ou não deixar, definitivamente, de buscá-las? 

Nos parece um caminho sem volta, eu sei!

Não há um recomeço sem dores a persistirem à dúvida, ao medo da queda e de um novo aprisionamento. O que, ou quem nos parece ser a solução, aparentemente se cala, ou meramente se afasta de nós. 

Sozinho eu não vou conseguir! 

Gostaria e simplesmente desejaria encerrar meus versos de um modo mais suave, com mais alegria e com um final mais leve e até com uma rima boba. Só queria encerrar bem. Sem culpas e sem dores tão fortes. 

Mesmo que o final dos meus últimos versos seja rimar meu afincamento com meu eterno silêncio. Mesmo assim não terminou bem. Talvez eu espere mais um pouco e um dia, perfeitamente, ela vem.

Talvez seja um adeus. Talvez seja o final de uma história, na verdade não sabemos ao certo para onde ir, nem como ir. Sem percebermos, nos perdemos um do outro ou perdemos um para ganhar o outro. 

Não sei. Realmente não sei!

Mas não quero dizer adeus.  Apenas nos  diga como seguir e eu posso nadar por nós dois nessas águas incertas, consigo enfrentar as mais altas ondas desse mar. Só não quero ouvir o seu adeus.

Assim, a mais bela e verdadeira rima irá nos encontrar. 
Nos trará a paz;
E finalmente, o coração irá repousar!

Wilton Lima

sábado, 22 de junho de 2019

Crer e Pensar #011

É cada vez mais difícil dizer que sou cristão e dizer que sou evangélico, no contexto que estamos inseridos, é quase impossível.

Vivemos uma realidade totalmente diferente daquela vivida pela chamada Igreja Primitiva.

Vivo a me perguntar; onde colocaram os ensinamentos de Jesus? O que fizeram do amor, não só pregado, mas vivido e compartilhado com todos, sem distinção de quaisquer diferenças da época.

Há muito tempo meu coração rompeu com esse sistema mercadológico e criminoso que a igreja evangélica brasileira se rendeu. Há muito tempo meu crer passa também pelo pensar consciente e racional.

Não consigo aceitar a instituição igreja evangélica que se cala diante dos dramas vividos, todos os dias, pelas mulheres, negros, LGBTs e outras chamadas minorias; uma igreja que se cala para o drama ecológico vivido por nós, inseridos nesse maldito sistema capitalista que a cada dia nos sufoca e aprisiona. Há algo ainda pior. Uma igreja que se rende a este sistema e ao invés de ajudar, abraçar e compreender esses dramas, os menosprezam e os colocam cada vez mais distantes do amor verdadeiro de Jesus.

Meu coração não consegue aceitar uma igreja que dá voz a um líder político que exalta torturadores e apoio ditaduras, que mata e cala milhares de pessoas inocentes; uma igreja que vê nesse líder a solução para o Brasil. Porém, este mesmo zomba e menospreza a luta de todos nós negros, das mulheres, dos LGBTs e dos indígenas que chegaram primeiro que nós nessa terra. 

Não, eu simplesmente não entendo e não aceito fazer parte desta igreja.

Porém, apesar de tudo isso, eu acredito no amor verdadeiro de Jesus. Amor que cuida e dá proteção. Amor que abraça, ouve e compreende. Amor que cura as dores e nos dá forças para resistir a todo esse mal.

Eu ainda acredito que há igrejas espalhadas por esse Brasil que não se calam e resistem, formadas por pessoas que receberam e entenderam o amor verdadeiro. Eu acredito no meu país, eu acredito em dias melhores e acredito também, que não será fácil a nossa luta.

Sim, apesar de tudo, ainda sou cristão. Eu acredito no Puro e Simples Evangelho de Cristo e é nisso que minha fé e esperança se sustenta.

Wilton Lima

sexta-feira, 21 de junho de 2019

ENTRE AS ONDAS

[...]
Quando percebeu já havia se jogado de cabeça nas águas daquele sentimento intenso. Quando viu, já estava perto de afundar, em breve, viria a naufragar.

Ele que não sabia nadar, estava nadando com uma facilidade e alegria inexplicáveis. Porém, percebeu que eram os braços daquele amor que o segurava e o guiava naquele mar revolto. 

Eles estavam seguros e confiantes!

Sim, o mar era incerto, tinham altas ondas e com uma força avassaladora, mas ao lado deste sentimento, sentia-se forte e não temia a sua sorte.

Tudo parecia tranquilo, mesmo em meio a incerteza das águas daquele mar que tinha sua importância, tinha uma paz e sensação de segurança jamais experimentada. As altas ondas não traziam medo a eles. Estavam firmes e juntos.

Houveram momentos que foi necessário navegar distantes um do outro, porém, tão ligados ao amor que não pareciam afastados fisicamente. Era mais forte e mais intenso que pudessem imaginar. 

Mas tudo iria mudar!

[...]
O sentimento se mantém forte, mas houve um conflito. Uma ruptura surgiu e nada seria como antes. Confiança? Talvez permaneça intacta. Mas algo diminuiu! Não sabemos se o amor ou apenas a reciprocidade do mesmo, com aquela mesma intensidade.

Seguiam navegando ligados apenas aos resquícios deste sentimento, ligados por uma história ainda não escrita ou pouco vivida. Continuavam em barcos diferentes, porém próximos, até ao alcance do olhar.

Tínhamos momentos, entre lapsos de sentimentos, que tudo parecia como antes. Os olhares e sorrisos assemelhavam-se a perfeição e as ondas voltavam a serem insignificantes e chegavam a navegar no mesmo barco.

A esperança, como uma chama tão fumegante, aquecia os corações e lhe dava uma nova oportunidade, mas não conseguia ser como antes. Simplesmente ela se apaga, com a mesma facilidade que se ascende.

A separação mais uma vez se fez necessária. Com uma dor inexplicável, afirma não ser tão leve e ao alcance dos olhos como antes. A visão ficou turva. A tempestade se intensificou e chegaram a não ver-se mais próximos.

[...]
Um dos barcos veio a pique!

Wilton Lima

segunda-feira, 17 de junho de 2019

SOLIDÃO INCIDENTAL


Gritar, o coração deseja apenas gritar.

Sitiado por tão grande confusão de sentimentos, ele consegue apenas se manter em silêncio, imergido na maior solidão já experimentada por ele. Sim, algo que nós não desejávamos, nem mesmo ousamos explicar. 

Não foi planejado, nem tão pouco escolhido. O acaso? Talvez tenha sido ou pode ser resultado do conflito entre nós, das indecisões e caminhos áridos à frente. É possível que seja, mas não sei; não sabemos. 

É difícil não relacionar tudo a estas indecisões, a este conflito frio e aparentemente sem sentido algum para nós. Tudo se torna mais complexo ao notarmos que a própria razão tem dato a oportunidade do coração gritar como ele almeja, porém, permanece mudo. As reações nos parecem ter findado. 

Buscamos e aceitamos este vazio de palavras, compreendemos a sua necessidade, mas não a vemos como solução. Pois permanecer no silêncio nunca foi uma decisão fácil e as que tomamos não foram acertadas. Continua sem acertos. 

O silêncio nos incomoda. Ele nos traz medo e solidão. Nos leva a caminhos que não escolhemos trilhar e vamos sempre na direção contrária do coração. Com um final incerto, sem sabermos para onde ele vai nos levar. 

Dói! 

Esta incerteza dói e nos atemoriza a cada manhã; a cada olhar; a cada contato físico; e até no silêncio mútuo. Simplesmente dói. 

De repente, tudo volta a ficar sem cor e sem aquele brilho forte do sentimento maior e mais sublime, que outrora nos emoldurava e nos mantinha firmes e sedentos por mais. Ele começa a perder o sentido e se torna cada vez mais vazio e sem melodia. Sem aquela poesia que encantava, até mesmo na simplicidade ou na falta de suas rimas. Mas tudo era belo e atraente. 

Talvez ainda seja. Só não sabemos como nos encontrar em meio a todo esse silêncio. 

Então, junto veio outro misto de sentimentos. Este, porém, causa em nós um medo maior e diferente. Não há alegria em nenhum deles, nem mesmo há dúvidas do que pode ser o certo ou errado. Sua complexidade tem um intervalo mais longo, mais denso e de uma profundidade que os olhos não conseguem enxergar. 

Ao momento, estamos nos adaptando com o silêncio. Buscando respostas que nos tragam de volta àquela confusão que nos parecia ser mais fácil de superar. Na verdade, não sei se era. Mas doía menos. 

Eles continuam a caminhada. Com suas incertezas e agora, com a incapacidade de entender todas as razões que nos lavaram a este degrau. 

Há muita estrada a ser percorrida, algumas talvez, necessitem que sejam abertas. Muitas decisões a serem tomadas, muitos acasos a serem vividos e tentar, simplesmente tentar compreender. 

Wilton Lima